Não será fácil

Não será fácil para o Brasil o confronto contra a estreante seleção de Gana. O time africano merece respeito pelo futebol apresentado até agora, e nossa seleção não justificou tanta badalação.
Desde as eliminatórias que a seleção brasileira se mostra irregular – não convenceu contra a fraca Venezuela, mas terminou em primeiro, superando a rival Argentina. Na Copa das Confederações mostrou a mesma irregularidade: empatou com Japão e perdeu para o México, mas ganhou com facilidade a final do torneio.
O Brasil tem disparado o melhor plantel – expressão de velho essa – da Copa do Mundo, mas mesmo assim tem muitos problemas táticos. Gana pode explorar as subidas de Cafu e Roberto Carlos para o ataque, Zé Roberto e Émerson terão trabalho para cobrir a defesa. Juan, o melhor zagueiro do mundial, é um zagueiro seguro, mas Lúcio e Dida vivem com muitos altos e baixos, apesar de não terem comprometido neste mundial. No ataque o problema parecia ser só o excesso de craques, mas é bom lembrar que Ronaldo está desentrosado tanto com Adriano como com Robinho; e, além disso, Ronaldinho Gaúcho ainda não mostrou na seleção o futebol que o levou a ser por duas vezes o melhor jogador do mundo, pior, muitas vezes esteve completamente apagado em campo. Kaká, por outro lado, tem tudo para se torna o melhor do mundo em breve.
Gana tem um futebol veloz e muito viril, com contra-ataques fulminantes, bom entrosamento e arrumado taticamente. Classificou-se em segundo lugar na chave F, o verdadeiro Grupo da Morte: Itália, apontada como uma das favoritas a conquistar o título; República Tcheca, do craque Pavel Nedved; e Estados Unidos, que estão evoluindo no futebol. Os africanos perderam para a Azurra, mas deram muito trabalho; deram um baile no time Tcheco; e convenceram na vitória sobre a seleção do técnico Bruce “Dedé Santana” Arena.
Apesar de tudo isso, acredito que o Brasil (sem salto alto) não perde de ninguém nesta Copa do Mundo; mas se entrar em campo pensando que o jogo será fácil só porque Gana é uma seleção sem tradição e estreante, repetirá o fracasso que teve com outras duas seleções africanas, Nigéria e Camarões, nos Jogos Olímpicos de 1996 e 2000, respectivamente.